quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Resolvi fazer uma lista. Agora que escrevo publicamente, quero também ter a minha ”Os Dez Mais ...” Eu estava pensando num disco incrível e tive a ideia de escrever sobre ele, sob a ótica da minha particularíssima opinião. Isso me fez lembrar de outros e mais outros, até que decidi eleger dez (apenas!) que gosto muito. Me propus escrever, a cada semana, a respeito de cada um deles, compondo assim a lista dos

MEUS 10 DISCOS DE PREDILEÇÃO.



01.DJAVAN – LUZ (1982)
O primeiro trabalho do alagoano que eu conheci (os anteriores eu viria a conhecer de modo alternado com os lançamentos seguintes). Eu não acreditava em tanta poesia em forma de canção. Por mais que tivesse sido “alertado” disso pela frase escrita no encarte do LP: “Ó, amor, enquanto puderes, não te percas de mim!”. Um álbum impecavelmente arranjado, com músicas que o consagraram definitivamente como um grande cantor e compositor.
Samurai, com participação de Stevie Wonder tocando gaita, abre o disco. Já ali ele dizia a que veio (“Ai, quanto querer cabe em meu coração”).
Luz, com um sutil solo de flauta, é a canção-título, e nos transporta numa viagem musical. Basta fecharmos os olhos e nos deixar levar ... (“um trem entrou no meu eu e divagou feliz”).
Nobreza é uma canção que fala da amizade entre dois homens, e de como isso lhe é superior a qualquer preconceito. Reconhecer um nobre de coração não é privilégio de muitos (“concedendo-me a graça de ver talhada em você a nobreza de frente”), ainda mais se isso envolver demonstração de afeto em público (“o amor se desnudando no meio de tanta gente”). O artista, livre, expressa o seu pensar e alegra-se por isso (“e sentir a alegria de ver a mão do prazer acenando pra gente”).
Capim brinca com a rima e assim termina: “que fim levou o amor? Plantei um pé de fulô, deu capim”.
Sina me ensinou um novo verbo: Caetanear. E eu não paro de conjugá-lo! Obrigado, mestre Djavan.
Pétala é uma das canções mais lindas que eu já ouvi em toda a minha vida! Quanta precisão em versos definitivos: “Por ser exato, o amor não cabe em si; por ser encantado, o amor revela-se; por ser amor, invade e fim”. Como se isso não bastasse, um solo de sax tenor confirma a catarse.
Banho de Rio, acompanhada do seu violão e de um quarteto de cordas, é surreal no delírio do compositor. Um lamento com o tom dramático de um violino: “sem meu amor, não tomo banho de rio nem sou feliz tão cedo”.
Açaí é outra canção que faz bom uso da palavra, nos conduzindo a deliciosos devaneios visuais/auditivos (“rajada de vento, som de assombração / ira de tubarão / zum de besouro”). Tudo isso em nome d“a paixão, puro afã”.
Esfinge tem a força das composições impactantes. O amor ali é exposto ao máximo e só se dá “pra amolecer o mundo e o seu coração de esfinge”. O meu coração ficou mole até hoje!
Minha Irmã, com um arranjo de metais de arrebatar o ouvinte, fecha o disco, com o cuidado por outrem à mostra: “mãe disse que eu botasse o olho em você, então: passa pra dentro, menino! Vai chover”.

Até o próximo.
Aderivan Albério.  

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