segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Raul, Saul ou Eu (tanto faz!)
Após uma ida ao teatro, e imediatamente ao chegar em casa, ouvi repetidamente a Ângela Ro Ro cantando Amor, meu grande amor. Eu queria dar continuidade à inspiração para escrever alguma coisa sobre a literatura do gaúcho Caio Fernando Abreu.
Anos atrás, uma amiga me cedeu o livro Morangos Mofados para ler durante as férias. Fascinado na leitura, me deparei com Aqueles Dois. Deslumbrado, eu pude me reconhecer no conto, em um dos, ou nos dois personagens. Eu bem podia ser Raul ou Saul, pois tanto gostava do canto do sabiá quanto da pintura do Van Gogh. De filmes, um pouco; de música um tanto! (E não dispensava um cafezinho seguido de uns tragos em um cigarro.)
Acompanhando um amigo, fui ver a peça teatral homônima do conto, encenada pela mineira Companhia de Teatro Luna Lunera. Em cena, e com toca-discos e luminárias operados por eles mesmos, dando requinte cênico ao espetáculo, quatro rapazes revezavam-se na interpretação de dois personagens. Num cenário funcional, ora repartição, ora quarto de pensão – e entre sensibilidade e razão – a trama desenvolveu-se.
Enquanto isso, eu fazia comparações reais, de quando (eu também) datilografava documentos em um escritório, à espera de uma folga para um encontro no café com aquele colega, quando também falávamos dos filmes que víamos na tv. Mas este não conseguia admitir o sentimento igual ao meu crescendo em si, e deixamos a empresa sem que pudéssemos brindar champanhe ou cantar juntos Tú me acostumbraste.
Observando as marcações precisas, atento às falas cheias de lirismo, e emocionado com as envolventes canções da sonoplastia, eu vivenciava o mesmo prazer da leitura que fiz naquelas férias passadas (e também na lembrança daquele que tem nome de rei). E eu pensava no amor.
Continuo pensando no sentimento, no Amor, meu grande amor que (ainda) canta a Ângela e que, por fim, tenho fortemente preso a mim.
E “tudo que ofereço é meu calor, meu endereço” ...

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Os tais “Segredos de Liquidificador”

Um desejo infindo em mim existe
o sonho da cópula é quase uma obstinação
te lamber a orelha, roçar a nuca,
apertar a mão
num delírio obsceno, com o pau em riste.

A libido me percorre todo o corpo
basta estar ao lado seu
numas de intimidade
como só você sabe
(e que é segredo meu).

O sêmen anseia jorrar em desvario
e, com o teu, formar um rio
onde nós dois pudéssemos desaguar
e onde o amor pudesse se dar.

O beijo molhado e quente
eu já ensaiei para lhe oferecer
basta que você se entregue,
a minha mão pegue,
e não tenha medo de assim ser.