quarta-feira, 28 de março de 2012


A arte de fazer rir

Quando criança, e até a adolescência, na pequena cidade onde nasci, eu sentia um dos maiores prazeres que poderia vir a sentir, ao me deparar com a chegada de algum circo. Os itinerantes desfilavam pelas ruas com figurinos especiais, sobre capôs de carros ou pernas-de-pau, usando megafones para anunciar a chegada deles e convidando os moradores do lugar para a temporada de alegria. 
[“O circo chegou à cidade, era uma tarde de sonhos e eu corri até lá. Os artistas se preparavam nos bastidores para começar o espetáculo e eu entrei no meio deles. (...) Depois veio o palhaço Polly, veio o Topsy, veio Diderlang que parecia um príncipe, o dono do circo, as crianças, o público...” (Antônio Bivar).]
Geralmente eram circos pequenos, porém grandiosos no encantamento aos meus olhos ingênuos. Quando podia, eu sentava numa das cadeiras (espaço privilegiado e bem perto dos artistas); quando não, sentar no picadeiro também tinha o seu valor. A lona colorida que nos cobria podia até estar rasgada: o que importava mesmo era a emoção que me proporcionava o fato de eu estar ali.
Eu não me lembro de agradarem-me os animais que algumas companhias levavam consigo. Preferia os malabaristas, equilibristas, acrobatas, contorcionistas, ilusionistas ... Sozinhos, em pares, ou numa tríade pai-mãe-e-filho(a). Todos eles me faziam arrepiar. Mas ainda havia um componente da trupe, dentre eles, o meu favorito: o palhaço! Como eu admirava aquela arte de fazer rir (e chorar de emoção)! O personagem, sua maquiagem, seu carisma e sua imensa determinação em nos arrancar um sorriso era o que mais me deixava em êxtase.
E assim continuei, gostando de circo. E de palhaços. Hoje, mais de 30 anos depois de tanto prazer pueril, eu voltei a me emocionar com eles: de manhã, assisti “O Palhaço”, um filme de Selton Mello; à noite, pude ver uma apresentação em praça pública do Circo Teatro Artetude, um grupo de Brasília que nos divertiu com o espetáculo “O Grande Circo dos Irmãos Saúde”. Compreendi os episódios (e a coincidência) como um eficaz tranquilizante para a minha mente inquieta, ultimamente tão permissível a pensamentos dispensáveis. Comecei e terminei o dia rindo (e chorando), feliz como naqueles tempos em que a ingenuidade fazia parte de mim. Remocei.
Agora, compartilho isso como quem divide com amigos aquilo que mais gosta. E findo sorrindo e pensando:
[“Vejam só: e há quem diga que o palhaço é, do grande circo, apenas o ladrão do coração de uma mulher.” (“Sonhos de um palhaço” – Antônio Marcos)]

Aderivan Albério.


domingo, 4 de março de 2012


“Porque hoje é sábado” (Vinícius de Moraes)

   (Ilustração: Arquivo pessoal)
Chega o fim de semana e logo pensamos em descanso e lazer. No sábado, depois do repouso e acordando renovados, já dispomos de energia para (e vontade de) curtir um programa leve, diurno, e com muito som. Um Sabadinho Bom*. E não é que isso é possível?
Aqui em João Pessoa, na revitalizada Praça Rio Branco (Centro), à sombra de centenárias árvores e a partir do meio-dia dos sábados, acontece o projeto* que é uma promoção da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), por intermédio da sua Fundação Cultural (Funjope). Uma iniciativa importante, considerando a carência de mais eventos desse tipo no nosso Centro Histórico. Músicos de alta qualidade, daqui ou convidados de outras cidades ou estados, dividem o palco tocando não somente choro (o principal gênero musical do projeto), mas também samba e (acredite!) tango, por exemplo.
“Qualquer música, oi! qualquer, logo que me tire da alma.”
Num ambiente tranqüilo, famílias, senhores e jovens sociabilizam a música, num verdadeiro clima de harmonia e alegria. Sentados nos bancos da praça, nas cadeiras dispostas no interior dela, ou simplesmente de pé (dançando, de preferência!), as pessoas comungam os diferentes ritmos, sincronizados pela energia que paira no ar.
Os shows acontecem por 3, 4 horas. Tempo suficiente para podermos aproveitar o resto da tarde, passeando pelas ruas do espaço que pouco observamos no cotidiano agitado de nossas vidas. Sobretudo se contarmos com um céu de cinema, como o de ontem. Eu recomendo o programa!

Aderivan Albério, 04 de março de 2012.