sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O SENHOR DOS CORDÉIS

Ele é pernambucano, da cidade de Arcoverde, com o nome de registro José Paes de Lira, mas atende por Lirinha.
Em junho de 2007 eu o conheci, acompanhado do violonista Clayton Barros e de três percussionistas, Émerson Calado, Nego Henrique e Rafa Almeida. Juntos, eles compuseram a inovadora banda Cordel do Fogo Encantado, criada no ano de 1997.
Eles se apresentaram na 4ª edição do Bancart – Festival de Arte do Sindicato dos Bancários, e arrebataram um público entusiasmado e ávido por um bom som.
Na turnê “Transfiguração” eles desfilaram grande parte das canções do disco homônimo e, claro!, rechearam o show com canções de seus discos anteriores.
Num cenário muito simples, mas de muita luz, quatro enormes bonecos pendurados sobre o grupo, em poses distintas e com olhos incandescentes, pareciam representar os seus guardiões. Os cinco músicos mandaram ver!
A singeleza da poesia recitada, somada à força rítmica dos tambores da percussão de grave sonoridade, mais a melodia imprescindível das cordas do violão – numa combinação perfeita –, encheram de vibração os tímpanos dos fãs que ali dançaram e cantaram, acompanhando os incansáveis rapazes. Alto, o bom som pôde ser ouvido.
                  (Imagem by Google)
De candeeiro aceso na mão, o carismático Lirinha deixou claro (com a desculpa do trocadilho) o seu respeito ao elemento encantado. Num outro momento, empunhou um pandeiro e arrebentou! Em outros ainda, brincou com pedrinhas, fez malabares e dançou, de maneira ímpar. A sua face suada transpareceu o seu prazer em todos os momentos. A impressionante vitalidade dos cinco marcou o vigor do show. E a plateia reagiu a cada momento.
Eu desejei que eles nos encantassem cada vez mais com o seu cordel incendiário, mas, em fevereiro de 2010 a banda acabou. Pela falta de quietação com as condições e os efeitos da criação artística, Lirinha resolveu mudar, considerando a importância disso para que continuasse a se reconhecer. Partiu para uma carreira solo.
A sua poesia continua visceral, mas o regionalismo deixou de ser central e agora soma-se a outros elementos. Concebido pela sua imaginação criadora, gravou (com participações de Otto e Angela RoRo, entre outros) e lançou recentemente o disco LIRA, recomendado a todos aqueles que apreciam o trabalho desse desassossegado poeta popular. Ouçam!

Aderivan Albério, Outubro de 2011.

2 comentários:

  1. Meu querido! ainda bem que um dia nós nos empareamos nas ondas sonoras e nas águas desse webmar.
    Beijos!

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